Quando fiquei sabendo que teríamos uma nova trilogia do Bernard Werber no Brasil, as minhas expectativas foram lá ao alto. A trilogia d’O Império das formigas me encantou com uma originalidade e vida que poucas obras atingiram. Apesar de considerar o terceiro livro daquela um pouco enfadonho na parte se tratando de humanos, não deixa de ser de muitas maneiras original. A ideia de se narrar as formigas de maneira não antropomorfizada, mas de formas biologicamente corretas foi algo, para mim, inesperado, e mudou de N formas o jeito com que eu assisto a “Vida de Inseto”. Com uma voz limpa, mas instigante, uma leitura rápida e a incapacidade de largar os livros por um longo período de tempo, nada mais natural que esperasse uma continuação destas características nesta nova trilogia lançada pela Bertrand Brasil: O ciclo dos deuses, cujo primeiro expoente é Nós, os deuses.
Ainda fico ligeiramente reticente, pois não sei apontar exatamente o que achei do livro. Gostei, e reencontrei vários pontos formais, de voz, de leveza e de temas que achei tão legais em As formigas. Mas acho que esta nova série não conseguiu me captar de maneira tão irremediável – não, pelo menos, neste primeiro volume. Talvez seja resultado da mudança temática e de enredo. Talvez o que me encantasse em As formigas não fosse propriamente Werber, mas as próprias formigas. Mas isso não faz de Nós, os deuses uma narrativa desprezível.