civilização brasileira

Ética

eticaÉ difícil acompanhar um livro téorico quando não se tem lá uma base muito avançada no campo de conhecimento abordado; geralmente limito-me a buscar por algumas introduções ou manter um mínimo de conhecimento sobre o tema antes de me aventurar em alguma não-ficção mais aprofundada, quanto mais uma parte da filosofia ou um campo de conhecimento amplo como a ética. Por sorte, o livro de Adolfo Sánchez Vázquez, recomendado-me como a bibliografia de uma das disciplinas da graduação, é um caso de livro introdutório. Dos recomendados, era o que parecia mais geral e, de fato, serve para dar um panorama aparentemente completo da teoria da moral. O autor admite o seu caráter didático e introdutório em suas primeiras palavras na apresentação da obra:

Este livro pretende introduzir o leitor no estudo dos problemas fundamentais da ética. Conbecendo-o desta maneira, com texto introdutório, tivemos presentes as exigências do ensino desta disciplina nos cursos universitários, nos institutos normais e nas escolas técnicas preparatórias. (p. 9)

Exigindo apenas um mínimo de conhecimento de algumas disciplinas fundamentais das ciências humanas — história, filosofia, antropologia, sociologia etc — o livro trata de abarcar diversas facetas e características da teoria da moral, a ética, de forma a deixar o leitor bem acostumado com todos os seus aspectos. A cada capítulo, desde a introdução ao objeto de estudo da ética, a moral, até sua história, essências, valores, avaliação, como se realiza, e encerrando com uma exposição e leves resumos, também bem didáticos, das doutrinas éticas fundamentais (ética grega, religiosa, moderna e contemporânea). Assim, serve bem ao seu propósito de servir de bibliografia básica e porta de entrada ao ensino da ética em cursos e universidades. (mais…)

Final do jogo

Final do jogoApesar de ter publicado um clássico como O jogo da amarelinha, o qual ainda estou para ler, Julio Cortázar é bem mais conhecido por sua proficiência como contista. Tendo escrito tanto contos quanto sobre contos (lembro-me de ter lido algo a respeito em Valise de cronópio), pude ver nesse primeiro contato com a prosa do autor que ele sabe a que veio. Um livro já há tempos esgotado no Brasil, Final do jogo, relançado neste mês pela Civilização Brasileira, é um livro e um joguete: divididos em três níveis temos dezoito contos do autor, ordenados mais ou menos por dificuldade.

“Cada nível é medido pelo esforço de compreensão que se deve fazer para crer em cada um dos contos do autor”, explica a orelha. Assim, começamos pelo ‘fácil’ “Continuidade dos parques”, de apenas três páginas mas que já dá o tom da obra e da coleção de Cortázar, com uma proposta simples, uma linguagem nem tanto mas nada muito complicada, e um desfecho que me deixou, ao final, com um belo sorriso. Fui surpreendido.

Sinto que estou tomando um gosto pela leitura de contos, pouco a pouco, desde que os experimentei  a sério com DublinensesAssim como no livro de Joyce, temos as histórias melhores, as não tão boas, as indiferentes; mas o nível se mantém bom durante toda a coleção, apresentando uma coesão que me manteve na expectativa de ler o próximo e me surpreender positivamente. (mais…)

Michael Kohlhaas

Michael Kohlhaas 2 SAIDA CURVASUma leitura algo difícil, Michael Kohlhaas compensa pela seu enredo significativo e interpretações possíveis de uma boa apresentação. A tradução feita por Marcelo Backes para a Civilização Brasileira, nesta edição lançada no começo do ano para a coleção Fanfarrões, libertinas & e outros heróis, organizada por aquele, é completa e contamos com um instrutivo glossário, linha temporal do autor e posfácio que compõem as últimas quarenta páginas do volume.

Não é à toa que Franz Kafka considerou o protagonista homônimo da novela o seu parente consanguíneo – a própria história de Joseph K., contada pelo autor mais de um século depois, é reminiscente dos abusos e humilhações sofridas por Michael Kohlhaas no livro. (mais…)